Dormência de sementes: entenda o fenômeno

As plantas propagam sua genética através de suas sementes, assim, elas garantem sua sobrevivência e a continuidade da espécie. Após se libertarem de suas respectivas bases, ou planta-mãe, as sementes recebem estímulos naturais para que possam germinar, emergir, crescer e produzir.
 
 
Ainda sim, essa eclosão pode não ocorrer como planejado e a reprodução acaba sendo comprometida. Isso acontece porque algumas dessas sementes apresentam bloqueios, tanto internos quanto externos, ou seja, fatores naturais ou provocados propositadamente, que podem impedir que elas germinem. Esse impedimento é chamado de dormência.
 
Condições favoráveis, tanto climáticas quanto do solo, são essenciais para que a semente germine e gere uma planta. Mas mesmo com todas as condições perfeitas para que se desenvolvam algumas, em especial as hortaliças, plantas ornamentais e alguns cereais, acabam não germinando corretamente. E se tratando de grandes produções de plantio essa condição de dormência pode trazer vantagens e desvantagens.
 

O que são as dormências primária e secundária?

 

O fenômeno da dormência é dividido em duas categorias básicas, a dormência primária e secundária. A dormência primária se caracteriza pelo bloqueio natural de alguns mecanismos de germinação da semente adquiridos ao longo do processo de maturidade dessas sementes. Já a dormência secundária é caracterizada pela imposição de dormência após a separação da semente da planta-mãe.
 
O processo de dormência garante proteção, longevidade e preservação das sementes que irão germinar quando esses mesmos mecanismos de bloqueio forem desativados, seja pela condição natural do ambiente ou um tratamento de solo feito para plantio.
 
Sendo assim, independentemente de qual seja o processo de dormência imposto à planta, ela ainda tem a capacidade de germinar normalmente, apenas levará mais tempo caso as condições do ambiente ou do solo sejam desfavoráveis.
 

Vantagens e desvantagens da dormência

A condição de dormência pode ser infligida propositadamente à semente. Na produção agrícola, por exemplo, o processo é feito ainda na planta-mãe para evitar a germinação prolongada e a preservação por períodos longos para armazenagem. Isso não somente garante uma salvaguarda para plantios futuros, como também assegura a conservação para venda dessas sementes em grandes quantidades.
 
Entretanto também existem desvantagens. Por ser um processo natural evolutivo das plantas, a dormência pode levar um tempo prolongado, de meses ou até anos, para germinar, dificultando a avaliação de plantio e ainda mais de colheita.
 
Para reduzir esse tempo de maneira forçada é necessário realizar o tratamento para a quebra da dormência, o que demanda um custo maior ao processo. Algumas espécies de ervas daninhas também apresentam essa característica que pode ocasionar no crescimento indesejado dessas ervas em meio ao plantio.
 

As causas da dormência

Como já dito, existem duas classificações para os mecanismos de dormência de uma semente, a primária e a secundária. Dentro desses mecanismos existem outros dois tipos de dormência, classificadas em dois grandes grupos, a dormência endógena e exógena.
 

Dormência endógena

A dormência endógena, também chamada de embrionária, é causada por bloqueios relacionados ao próprio embrião durante a germinação. Essas causas são divididas em três categorias, fisiológica, morfológica e morfofisiológica.
 
Na dormência fisiológica não ocorre germinação devido a substâncias inibidoras ou a falta delas, no embrião, ou seja, ocorrem distúrbios hormonais evitando que o embrião se desenvolva propriamente.
 
A dormência morfológica ocorre quando as sementes ainda não estão totalmente desenvolvidas e são retiradas da planta-mãe, natural ou manualmente. Isso acaba exigindo um tratamento posterior de maturação para que a semente se desenvolva propriamente. No caso de dormência morfofisiológica, tanto a fisiológica quanto morfológica ocorrem ao mesmo tempo.
 

Dormência exógena

Nessa categoria as causas estão ligadas ao impedimento físico da germinação ainda no início da formação da raiz da planta. Esses impedimentos ocorrem na camada externa das angiospermas (flores e frutos) e no tegumento (camada que reveste a semente). Esse processo é subdividido em dormência química, física e mecânica.
 
Química – Inibidores químicos impedem a germinação, bloqueando o pericarpo ainda na base de origem da semente, ou seja, na planta-mãe.
Física – Tegumento ou pericarpo impedem a entrada de água e gases na semente e pode ocorrer tanto na fase primária quanto secundária.
Mecânica – A consistência do mesocarpo ou do endocarpo impedem o crescimento do embrião ainda estão ligadas à planta-mãe.
 

Principais causas da dormência por espécies

Alguns dos casos de dormência podem não somente ser associados às causas já citadas, eles também são encontradas naturalmente em diversas espécies na produção agrícola.
 
O impedimento de entrada de oxigênio na semente e saída de gás carbônico geram a má formação dessas sementes, impedindo também que consigam germinar. Algumas das plantas mais afetadas nesse processo são trigo, alfaces, arroz e cevada.
 
Quando a dormência ocorre diretamente no embrião, também causando má formação, essas sementes acabam necessitando de um período maior de geminação. Manga, pêssego, cenoura e aveia acabam sendo as mais afetadas.
 
Quanto a causa da dormência mecânica, alguns componentes físicos da semente se tornam barreiras ao crescimento do embrião e posteriormente o desenvolvimento da semente. Aqui, os mais afetados são tabaco, pimenta, tomate e pepino.
 
Sementes duras são aquelas que não conseguem absorver a água com eficiência. Essa é uma das causas mais comuns em plantações de leucena, quiabo e alfafa.
 
E por último, sementes podem conter algumas substâncias que inibem a produção de alguns hormônios chave em seu desenvolvimento como ácido abscísico. Sem um tratamento correto de balanço hormonal sementes de amendoim, algodão, girassol e uva, são as mais afetadas e, ocasionalmente, não conseguem germinar.
 

Como tratar a dormência das sementes?

O tratamento de sementes com dormência é muito variado, existem diversas formas de tratamento diferentes, uma para cada tipo de dormência e cada uma é eficaz a depender da necessidade.
 
Por exemplo, o armazenamento é costumeiramente usado em casos de dormência em embrião imaturo, onde a semente pode completar seu desenvolvimento, ou o uso de escarificação química para sementes com impermeabilidade à água e até mesmo aplicação de água quente em causa por ação de inibidores.
 
Procure sempre aconselhamento profissional nesses casos. É preciso prestar muita atenção em cada etapa desses procedimentos para não causar dano às sementes.
 
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